quinta-feira, 1 de setembro de 2011

JUDEUS MESSIÂNICOS (HEBREUS).

1ª CARTA GERAL/CATÓLICA




EPÍSTOLA AOS HEBREUS







INTRODUÇÃO





Visão geral

Autor: Desconhecido.

Propósito: Incentivar a fidelidade ao Messias e à sua nova aliança mostrando que ele é o novo, último e superior sumo sacerdote.

Data: Antes de 70 d.C.

Verdades fundamentais:

O Messias é superior aos anjos, a Moisés, a Arão e ao ministério sacerdotal do Antigo Testamento.

O Antigo Testamento admitiu o caráter temporário dessas estruturas, de modo que a nova ALIANÇA não é de maneira alguma contrária à antiga!

Deixar O Messias e voltar-se para tipos obsoletos de fé levará ao julgamento divino.

As pessoas da Igreja devem perseverar até o fim em fidelidade ao Messias ou irão sofrer o castigo divino.





Propósito e características

O estilo literário elevado de Hebreus e seus interesses teológicos colocava-a à parte dos outros livros do Novo Testamento. Dentre a sua importante contribuição para o Novo Testamento de Yaohushua O UNGIDO está à revelação minuciosa do cumprimento, por Yaohushua, do templo, dos sacrifícios e do sacerdócio que haviam sido estabelecidos na lei de Moisés (caps. 8 – 9).

O autor referiu-se ao seu trabalho como uma “palavra de exortação” (13,22). Desde que a mesma expressão grega em At 13,15 (“mensagem de encorajamento”) refere-se a um sermão na sinagoga, esse termo pode identificar essa “epístola” como um sermão expositivo na forma escrita. Hebreus é apropriadamente descrita como “palavra de exortação” (13,22), visto que exortação e encorajamento estão no centro do propósito do livro (3,13; 6,12-20; 10,25; 12,5-6). Repetidas vezes, Hebreus conclama seus leitores a uma resposta ativa e corajosa (p. ex., 4,11.14.16; 6,1; 10,19-25).







A Epístola aos Hebreus pode causar perplexidade ao leitor moderno. Percorrendo-a, experimenta-se ora um sentimento de admiração, ora uma impressão de estranheza.

Admiração em face da densidade doutrinal e profundeza humana de várias passagens. Pois o autor recorre a fórmulas incomparáveis para proclamar a transcendência do Messias e, ao mesmo tempo, sabe exprimir com realismo a extrema solidariedade que une Yaohushua à “seus irmãos”. O profundo conhecimento do Antigo Testamento reponta a cada linha, e seu amor à Igreja sustém cada uma de suas exortações.

Há, porém, nele traços que provocam uma impressão de estranheza: o autor dá muita margem à evocação dos ritos antigos e sacrifícios de animais; de outra parte, revela grande agilidade mental para interpretar de maneira simbólica textos e acontecimentos e para sugerir correspondências entre as realidades terrestres e os arquétipos celestes, entre os fatos históricos e a eternidade divina. Então, muitos leitores têm a sensação de estar perdendo (fé) e se, para se recuperar, tentam examinar o texto mais de perto, o complexo estilo retórico só lhes acrescenta dificuldades.

Sob outro aspecto, a própria origem da obra cria questões complexas, que suscitaram, desde os primeiros séculos, divergências e dúvidas, posteriormente reavivadas no tempo da Reforma: de quem provém à epístola? É lícito ou não associa-la ao nome do apóstolo Paulo? Por que motivo assemelha-se ela tão pouco às grandes epístolas paulinas? A quem foi dirigido e em que ocasião? Será que se trata realmente de uma epístola?

Mister se faz examinar essas questões com certa atenção, antes de proceder a um rápido inventário das riquezas contidas neste escrito fascinante.





Origem controversa. Durante os quatro primeiros séculos, a situação da Epístola aos Hebreus passou por muitas vicissitudes. A este respeito, porém, deve-se notar uma diferença sensível entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente.

Nas Igrejas do Oriente, Hebreus sempre foi aceita como epístola paulina. Todavia, essa tradição muito firme não obstava a que os antigos constatassem as diferenças que distinguem Hebreus das cartas de Paulo.

Para justificar tais particularidades, Clemente de Alexandria apresenta a epístola como sendo uma adaptação grega de um texto composto por Paulo em hebraico (cf. Eusébio, História Eclesiástica, VI, 14,2). Ele julga reconhecer em Hebreus o estilo de Lucas. Pouco mais tarde, Orígenes acentua ainda mais claramente a distinção: os pensamentos, diz ele, quadram aos do apóstolo, mas tudo indica que a composição não é dele; Hebreus é obra de um discípulo de Paulo, que exprime fielmente, porém a seu modo, o ensinamento do mestre. Que discípulo? Orígenes confessa não saber (Eusébio, Ibid., VI, 25,11-13), mas a ignorância a tal respeito não afeta em nada sua adesão a esse texto da Escritura. Menos preocupados com o problema literário, outros comentadores orientais atinham-se à afirmação da origem paulina, confirmada pela tradição de suas Igrejas.

No Ocidente, a situação era outra. Conhecida desde o fim do século I, visto, Clemente Romano recorrer manifestamente a ela na sua carta à Igreja de Corinto, a Epístola aos Hebreus não era aceita sem reticências. As dúvidas à sua autenticidade paulina provocavam hesitações quanto ao seu valor enquanto escrito inspirado. O seu emprego por diversas seitas contribuiu para incrementar as suspeitas. O cap. 7 foi usado para escorar especulações extravagantes sobre Melquisedec; os rigoristas estribaram-se em Hb 6,4-6 e 10,26 para negar o perdão aos messiânicos que tinham apostatado duramente a perseguição; os arianos tiraram argumento de 3,2 para sustentar que o Verbo é uma criatura. Segundo um testemunho de Filastro de Brescia (Migne, PL 12, col 1199), de tudo isso resultou que, no fim do século IV, a epístola não fosse lida nas Igrejas. De sua parte, São Jerônimo constatava que os romanos não atribuíam Hebreus a Paulo (De viris iII.59); ele mesmo só dava importância secundária à questão do autor (Ep. 129 ad Dard., PL 22, col. 1103); a tradição das Igrejas gregas, que desde sempre atestaram ser este escrito parte das Escrituras inspiradas, constituía, a seu ver, uma garantia decisiva. Tal era também a opinião de Santo Agostinho (De pecc. Mer. 1,50), As listas do “Cânon das Escrituras”, estabelecidas no fim do século IV, puseram cobro às hesitações, mencionando explicitamente a Epístola aos Hebreus. Mas o fato de estar enumerada junto com as cartas de Paulo resultou naturalmente na tendência a afirmar a autenticidade paulina do escrito. Na Idade Média, a Glossa Ordinaria adotou uma posição semelhante à de Clemente de Alexandria. Hebreus é uma carta de Paulo fielmente traduzida por Lucas depois da morte do apóstolo.





No tempo da Reforma. As discussões recomeçaram na Renascença. Um eco disto encontra-se nos comentários que Lutero fez à epístola em 1517-1518, no mesmo ano do seu manifesto de Wittenberg. Ele explica o texto como sendo do Apóstolo e até descobre nele a tese fundamental do paulinismo. “Nesta epístola, Paulo exalta a graça contra o orgulho da justiça humana segundo a Lei”. Mas nem por isso deixa de ressaltar que uma frase como Hb 2,3, onde o autor se inclui entre os que receberam o evangelho por intermédio dos discípulos, é um “argumento muito válido” para demonstrar que a epístola não é de Paulo. De fato, este recorre, na epístola aos Gálatas, a uma linguagem totalmente diversa. Em 13,19, pelo contrário, Lutero vê um argumento a favor da autenticidade paulina, já que este versículo evoca o cativeiro.

Alguns anos depois, ao apresentar sua tradução do Novo Testamento, Lutero definia a própria posição: a epístola não é da lavra de Paulo, nem de outro apóstolo qualquer. Nem por isso deixa de admirar nela a maestria com que o autor desconhecido faz uso das ESCRITURAS. Algumas passagens, porém, criam dificuldades: a epístola nega a possibilidade de conversão para aqueles que, depois do batismo, tornaram a cair em pecado (6,4-6; 10,26; 12,17). Então, Lutero emite a opinião de que Hebreus é uma obra heterogênea.

Calvino, por sua vez não manifesta reticência alguma. Declara que, indiscutivelmente, Hebreus faz parte das Escrituras apostólicas e atribui a manobras de Satanás o fato de, outrora, a autoridade da epístola ter sido atacada. Nem por isso, entretanto, a considera obra se Paulo.

Posteriormente, a exegese protestante passou por certa variedade de opiniões. No século XVII, a tese da autenticidade paulina foi novamente aceita quase por unanimidade. A seguir, prevaleceu a tese oposta.

O magistério católico, mais preso ao testemunho da tradição, empenhou-se em defender a origem paulina da epístola. Deve-se notar, no entanto, que o Concílio de Trento recusou pronunciar-se explicitamente sobre a questão da autenticidade, o que deu ensejo a um ou outro comentador católico (por exemplo, Estius) sustentar que o autor é um discípulo de Paulo que compôs uma obra original. Por ocasião das discussões do princípio do século XX, a Pontifícia Comissão Bíblica proibiu aos católicos negar a origem paulina, embora consentindo se falasse de uma redação não-paulina. Os comentadores católicos mais recentes entendem origem paulina em sentido lato; um dos mais eruditos estima ter sido a epístola composta por Apolo, depois do martírio de Paulo (S. SPICQ. A epístola aos Hebreus, t .I, pp. 260-261).





O problema da autenticidade. Na realidade, há numerosos argumentos que se opõem à autenticidade paulina. O feitio geral de Hebreus absolutamente não corresponde ao temperamento do apóstolo Paulo. O estilo é pacífico demais, a composição, regular demais, a personalidade do autor, demasiado apagada (cf. 2,3). E podem salientar-se múltiplas discrepâncias no vocabulário, no fraseado a que recorre e na própria maneira de conceber o mistério do Messias.

Em vão se procuraria, em Hebreus, a denominação “O Messias Yaohushua” ou a expressão “em Maschiyah – o Messias”, tão freqüentemente em Paulo. As citações do AT nunca são introduzidas como “Escrituras” (“está escrito”, “diz a ESCRITURA”), mas sempre como “palavras” (“ele diz”). O autor fala amiúde da entronização celeste do Messias, mas só uma vez da sua ressurreição dente os mortos (13,20) e, mesmo então, sem usar uma fórmula habitual. A sua apresentação sacerdotal do Messias é única em todo o NT. Numa palavra, estamos diante de uma personalidade muito diferente da de Paulo.

Alguns chegaram até a negar qualquer afinidade entre o conteúdo da epístola e o pensamento Paulino. Há nisto um exagero manifesto. De fato, em diversos pontos de importância capital, pode-se observar um parentesco muito claro entre Hebreus e a doutrina de Paulo: 1) a Paixão do Messias é apresentada sob seu aspecto de obediência voluntária em Hb 5,8 e 10,9, tal como em Fl 2,8 e Rm 5,19; 2) a ineficiência da Lei antiga e sua ab-rogação são afirmadas em Hb 7,11-19 e 10,1-10 com um vigor que em nada desdizem os textos de Gl 3,21-25 ou de Rm 4,15. Em nenhuma outra parte do NT se encontra, a respeito desse tema paulino, uma formulação tão explícita; 3) reciprocamente, é nas epístolas paulinas (1Co 5,7; Rm 3,25 e sobretudo Ef 5,2) que o tema fundamental da epístola aos Hebreus tem seus melhores pontos de conexão. Uma comparação entre Gl 2,20 e Ef 5,2.25, mostra claramente como o aspecto sacrifical e sacerdotal da redenção foi posto progressivamente em evidência nos meios paulinos; 4) pode-se finalmente destacar mais de uma analogia entre a “messiologia” de Hebreus e a das epístolas do cativeiro: o Filho, imagem de Yáhu, sua elevação acima dos anjos, o Nome que recebe na consumação do seu sacrifício – outras tantas constatações substanciais que proíbem recusar valor à tradição oriental concernente à origem “paulina” da epístola. Há motivos válidos para crer que Hebreus foi composta por um companheiro de Paulo. (Yaohu – Yahu – seguem a mesma fonética! O “o” é só para vocalização ok! Não constando no hebraico!!! Sendo que onde houver o “ditongo” [‘ao’] – lei-a-se = “Yahu!”) Grifo meu Anselmo Estevan. 23/08/2011.

Quanto a determinar mais precisamente o nome do autor, não há muito como pretende-lo. De fato, já a antiga tradição hesita entre várias hipóteses; propõem-se os nomes de Lucas, ou de Clemente de Roma, ou de Barnabé. Nenhuma dessas atribuições exibe títulos suficientemente válidos. Por isso, os modernos procuram outras. A mais plausível é, sem dúvida, a que deve a Lutero e põe em destaque o nome de Apolo: origem judaica, educação helênica em Alexandria, conhecimento das ESCRITURAS e reputação de eloqüência (At 18,24-28; 1Co 3,6) são características que calham perfeitamente ao autor de Hebreus, cuja linguagem tem mais de uma afinidade com a de Fílon de Alexandria. Mas a ausência de qualquer testemunho antigo a tal respeito e a impossibilidade de qualquer comparação com outra obra que seja com certeza de Apolo mantém esta atribuição no rol das hipóteses inverificáveis. Queiramos ou não, é preciso resignar-se a ignorar o nome do autor.





Gênero literário: epístola ou sermão? Até o gênero da obra presta-se à contestação. Habitualmente, chamam no de epístola, mas Hebreus não principia sob a forma de epístola e não se pode afirmar-se que um cabeçalho epistolar haja sido perdido ou supresso: na realidade, a primeira frase (1,1-4) constitui um excelente início, mas não é início de carta, e sim exórdio de sermão. A composição, em seu conjunto, ostenta o mesmo caráter oratório. O autor nunca diz que escreve, mas sempre que fala (2,5; 5,11; 6,9; 8,1; 9,5; 11,32). O corpo da obra não contém nenhum elemento propriamente epistolar. Para que o tom mude, é forçoso esperar pelos derradeiros versículos: 13,22-25 é um final de carta; ali se deparam algumas palavras de notícias, enviadas a pessoas que moram alhures; a seguir, vêm as costumeiras saudações e uma expressão de votos. Antes, porém, desta conclusão, cujo tom absolutamente não casa com o do exórdio, distingue-se uma frase solene (13,20-21) que faz às vezes de uma verdadeira peroração. Por isso, fica-se inclinado a diferenciar, no escrito que possuímos, de uma parte, um sermão destinado a ser pronunciado oralmente (1,1 – 13,21) e, da outra, um breve bilhete que lhe foi acrescentado (13,22-25). Lícito é pensar que o sermão tenha sido efetivamente pronunciado perante a assembléia dos fiéis em uma ou várias localidades. Além disso, foi enviado por escrito a outros messiânicos, a quem, na oportunidade, mandaram-se breves notícias e saudações. Não é impossível que o sermão e o bilhete sejam de dois autores diversos. Se o estilo do sermão exclui uma atribuição ao apóstolo Paulo, não se pode dizer do bilhete.





Destinatários. A obra não contém nenhuma indicação exata dos seus destinatários. O título “Aos Hebreus” não faz parte do texto; é antigo, mas, com toda a probabilidade, foi escolhido na hora de inserir o escrito numa coletânea de várias epístolas. O seu sentido não é claro. Antigamente, alguns comentadores deduziram dele serem os destinatários de origem judaica, habitando na Palestina e falando hebraico. Tal concepção já não se admite, de vez que, agora, todos reconhecem que o grego da epístola nada tem de um grego de tradução.

Autores recentes sustentaram que a epístola se destinava a judeus não-messiânicos, e, mais precisamente, a membros da seita de Qumran: hipótese improvável, já que a epístola não faz apelo á conversão, mas à perseverança e ao progresso na fé (3,6; 5,12; 6,9-12; etc.). Aliás, se ela contém analogias inegáveis com os escritos descobertos perto do mar Morto em Qumran, tem-nas igualmente, e impressionantes, com o judaísmo helenista, e pensou-se vislumbrar nela, além disso, a influência de doutrinas gnósticas. De tal diversidade de comparações ressalta ter-se à epístola alimentado em húmus muito rico. O ambiente em que foi elaborada mantinha-se sensível a múltiplas influências. Ela se dirige a comunidades messiânicas que não são de fundação recente (5,12; 13,7), sem por isso remontarem aos tempos primitivos da Igreja na Palestina (cf. 2,3). À generosidade dos inícios (6,10; 10,32-34) sucedera um certo cansaço (5,11; 10,25; 12,3). A perspectiva de novas dificuldades provocava tentações de desânimo (10,35-36; 12,4.7). A isto acrescia decerto um perigo de desvios doutrinários, de atitudes mais ou menos judaizantes (13,9). Em todo caso, a influência judeu-messiânica parece marcar profundamente essas comunidades.

Circunstâncias e data. A conclusão epistolar desta obra evoca circunstâncias concretas, porém, de maneira tão enigmática, que não as podemos situar, nem no tempo, nem no espaço. Onde e quando foi libertado Timóteo? De que coisa foi libertado? Ignoramo-lo. A menção “dos da Itália” não nos fornece esclarecimento algum, já que não podemos saber onde se encontrava esta gente no tempo da redação do bilhete, e o fato de os destinatários conhecerem certos fiéis originários da Itália evidentemente não basta para lhes revelar a identidade.

Da mesma sorte, a data da composição pode ser avaliada de maneiras muito diversas. Tendo em conta certos modos de formulação arcaica, um comentador situa a epístola muito cedo, antes das grandes epístolas de Paulo. Outros adiam sua redação para o fim do século I e até mais tarde. O fato de Clemente Romano fazer uso de Hebreus por volta de 95 exclui uma datação excessivamente tardia. Por outro lado, as afinidades da messiologia da epístola com a das epístolas do cativeiro sugerem uma data próxima ao martírio de Paulo. Pode-se cogitar nos anos que precederam a destruição do Templo de Jerusalém, sucedida em 70. Com efeito, a autor reporta-se à liturgia do Templo como a uma realidade ainda atual (10,1-3).





Estrutura. As lacunas da nossa informação concernem às circunstâncias em que a Epístola aos Hebreus foi redigida não trazem inconvenientes de maior monta, já que o gênero literário desta obra é penhor de uma notável independência no que diz respeito a eventos particulares. O que importa muito mais é discernir as linhas gerais da composição.

A antiga divisão em duas partes, uma doutrinal (1,1 – 10,18), e outra moral (10,19 – 13,25), não condiz bem com a intenção do autor, que, desde o início, vai alternando exposições doutrinais com exortações (cf. 2,1-4; 3,7 – 4,16; 5,11 – 6,12), por causa da sua preocupação de associar intimamente a fé à vida messiânica.

Uma divisão em três partes: 1) a palavra de Yahu (1,1 – 4,13); 2) o sacerdócio do Messias (4,14 – 10,18); 3) a vida messiânica (10,19-fim) pode valer-se de certas constatações exatas, mas não dá conta fielmente do conjunto dos dados.

Um estudo mais acurado evidencia uma técnica de composição muito sólida, cujos processos (“inclusões”, “encadeamentos”, construções simétricas) derivam de tradições literárias bíblicas. Pode-se verificar, destarte, entre o exórdio e a peroração, uma estrutura em cinco partes enunciadas sucessivamente pelo autor (cf. as notas em 1,4; 2,17c; 5,10; 10,36.39; 12,12-13).

I. Numa primeira parte (1,5 – 2,18), O autor empenha-se em definir o “NOME” DO UNGIDO, ou seja, determina a posição de [YAHU’SHÚA] com relação a Yahu-‘Elo(rr)hím(i) [‘Ulhim] (1,5-14) e com relação aos homens (2,5-18). Com este objetivo, recorre a uma comparação com a posição dos anjos. Este desenvolvimento vai concluir com a afirmação do sacerdócio do UNGIDO (2,17).

II. Uma segunda parte (3,1 – 5,10) mostra a realização, em O MESSIAS, das duas características fundamentais de qualquer sacerdócio: O UNGIDO é acreditado junto a Yáhu (3,1-6) e é solidário com os homens (4,15 – 5,10); a sua posição é comparável, ao mesmo tempo, à de Moisés (3,2) e à de Aarão (5,4). Entre essas duas comparações, o autor insere uma longa exortação à fidelidade messiânica (3,7 – 4,14).



III. A terceira parte (5,11 – 10,39) exprime a doutrina em toda a sua plenitude, de vez põe em evidência os traços específicos do sacerdócio do Messias: O MESSIAS é um sumo sacerdote de tipo novo (7,1-28); o seu sacrifício pessoal difere profundamente dos ritos antigos e abriu o acesso ao verdadeiro santuário (8,1 – 9,28); obteve-nos, realmente, o perdão dos pecados (10,1-18).



[É exatamente isto que muitos pastores hoje em dia não vêem, não enxergam ou se fazem de besta? Pois tudo Ele já conseguiu pra nós. E, quem está no Filho – NOVA CRIATURA É E JÁ NÃO HÁ MAIS CONDENAÇÃO SOBRE ELE...!!! Será que ninguém consegue enxergar essa verdade??!! Por isso procuro sempre a verdade começando pelo seu verdadeiro Nome!!! Anselmo.].





continuação do texto: Por conseguinte, este sacrifício põe fim ao sacerdócio antigo, à Lei antiga, à antiga Aliança. Mais importante que as outras, esta terceira parte comporta uma introdução (5,11 – 6,20) e uma conclusão (10,19-39).

IV. Visando atrair os messiânicos ao caminho aberto pelo sacrifício do Messias, uma quarta parte (11,1 – 12.13) insiste em dois aspectos fundamentais da vida espiritual: a fé, a exemplo dos antepassados (11,1-40), e a necessária persistência (12,1-13).

V. Finalmente, a última parte (12,14 – 13,18) esboça um quadro da vida messiânica, convidando os fiéis a enveredar resolutamente pelo caminho reto da santidade e da paz.





O sacerdócio do Messias. Fácil é dar-se conta de que a contribuição doutrinal da Epístola aos Hebreus consiste antes de mais nada na apresentação sacerdotal do mistério do Messias. De fato, Hebreus, é o único escrito do Novo Testamento, que atribuí a Maschiyah os títulos de sacerdote e sumo sacerdote. Há nisto um fato de grande importância. Com isto, ficam expressas as relações existentes entre a fé messiânica e uma das principais correntes da tradição bíblica, a que concerne ao culto: ritos e sacrifícios, santuário do ‘Elo(rr)hím(i) [‘Ulhim] – Yahu de Israel.

Ao primeiro relance, a pessoa e a obra de Yahushúa pouco tinham a ver com este modo de exprimir a religião. Yahushúa não pertencia à classe sacerdotal e nunca pretendera um ministério de sacerdote. Quanto ao acontecimento do Calvário, exteriormente não teve nada de ritual. Ali, a morte de Yahushúa se nos antolha como pena legal, ao jurídico infamante, que o segrega do povo de Yahu, ao passo que o sacrifício é um ato ritual glorificante, que une a Yahu.

Para que o caráter sacrifical da paixão e da ressurreição do Messias se revele em sua plenitude, faz-se necessária uma dupla superação: de uma parte, é preciso que se rompa o acanhamento dos conceitos tradicionais, apegados ao cumprimento dos ritos,e, de outra, seja percebido, para além das aparências, o sentido profundo do fato. Sob a inspiração de textos proféticos (Is 53,10) e de afirmações de Yahushúa (1Co 11,25), guiada outrossim por certas circunstâncias como a data pascal da Paixão, a reflexão messiânica abriu-se a esta luz (cf. 1Co 5,7; Rm 3,25; Ef 5,2; 1Pd 1,19). Com a Epístola aos Hebreus, a afirmação alcança toda a nitidez que se possa desejar. Não se podia chegar a tal resultado sem uma comparação atenta com os ritos antigos e os sacrifícios de animais. Esta evocação, já o dissemos, corre o risco de confundir o leitor moderno. Mas deve-se notar que, ao invés de se deter nesse estágio, o autor só fala dele para levar o crente a ultrapassa-lo.

É no Messias glorificado, ao consumar-se a paixão, que ele reconhece a realização perfeita do sacerdócio: Filho de Yahu e irmão dos homens, o Messias glorioso garante aos homens o acesso junto a Yahu; por conseguinte, é sumo sacerdote. O seu sacerdócio assume a sucessão do de Aarão (5,4-5), ultrapassando-o, porém: pois conforme o testemunho do Sl 110, Yahu queria suscitar um sacerdote de nova espécie. “segundo a ordem de Melquisedec” (7,1-28). A morte e glorificação de Maschiyah constituem um verdadeiro sacrifício; deve-se mesmo afirmar: o único sacrifício verdadeiro, que vem substituir todos os sacrifícios antigos. Com efeito, estes permaneciam confinados no nível terrestre; gestos convencionais não podiam nem purificar profundamente a consciência (9,9; 10,1-4), nem altear o homem até Yahu. A morte do Messias é, pelo contrário, uma oblação pessoal perfeita (9,14); ela avassala o homem em sua integridade e o submete por inteiro à vontade de Yahu (5,8; 10,9-10). Ao mesmo tempo, renova-o completamente e o introduz na intimidade de Yahu. Por sua morte, o Messias se tornou sacerdote celeste (9,24), efetuou a purificação dos pecados e fundou uma aliança nova e eterna (9,15; 13,20). O seu sangue é para nós penhor de livre acesso junto a Yahu (10,19). Tudo isso é obra divina, dom de ‘Elo(rr)hím(i) [‘Ulhim] -Yahu – aos homens, já que foi o próprio Yahu quem realizou em seu Filho essa transformação radical do homem (2,20). {Sendo que, onde não usei o “ditongo”, o Nome do Filho – leva o “acento agudo” na palavra: SHUA – SHÚA! SALVAÇÃO – PARA INDICAR A SUA AUTORIDADE JUNTO AO PAI E SEU NOME...!!!} ANSELMO. OBS.: CONTINUAM VALENDO AS DUAS FORMAS! OK!





A condição messiânica. Antes de mais nada, a condição messiânica defini-se graças a esta relação sacerdotal com Yahu. O que a antiga liturgia da Expiação (Lv 16) mal conseguia prefigurar com tentativas ineficazes (Hb 9,9; 10,1) tornou-se, no único sacrifício do Messias, realidade plena. “Nós temos um sumo sacerdote” (8,1; cf. 4,14-15; 10,21), um sumo sacerdote perfeito que penetrou de uma vez por todas no verdadeiro santuário (9,12) e que, doravante, nos representa diante de Yahu (7,25; 9,24). Ele nos abriu o caminho; em seu seguimento, somos convidados a nos aproximar de Yahu com toda confiança (4,16; 7,19; 10,22). O pecado foi abolido (9,26; 10,12); o inimigo, vencido (2,14). A libertação definitiva, conseguida (2,15; 9,12). Desde agora, os messiânicos (OS SEGUIDORES DO MESSIAS!) ANSELMO, participam nos bens do mundo por vir (6,4-5); entram na posse do reino definitivo (12,28). Para eles, a nova era já começou (1,2; 9,26).

Viu!!! É exatamente isto que deve ser pregado....!! Mas o que acontece?? É pregado exatamente ao contrário: SOMENTE: “PROCURAM – CURAS, NAMOROS, ESPOSAS, DINHEIRO, BENS MATERIAIS; HÁ, AQUI NÃO TEM O RÚKHA... VOU A OUTRA DENOMINAÇÃO QUE LÁ AS PESSOAS CONSEGUEM BENS MATERIAIS, SÃO CURADAS ETC..”.. ATÉ AÍ TUDO BEM... MAS DEIXAM DE PROCURAR SEU REINO E, ISSO, TEM QUE ACABAR... DÊ UMA OLHADA NO TEXTO E VEJA O QUE DIZ AS ESCRITURAS SAGRADAS!!!! TUDO ELE JÁ CONSEGUI POR NÓS ATÉ MORREU E RESSUSCITOU.... O QUE NOS RESTA FAZER? É CRER NELE E PROCURAR SEU REINO O RESTO É E SERÁ ACRESCENTADO!!! A pregação deve curar o nefesh a alma o resto não precisa nem pedir que vem automaticamente...!!! Anselmo Estevan. Cito Rm 16; Hb 2,14! SOMOS MAIS DO QUE VENCEDORES MAS EM SEU “NOME”! NÃO DE OUTREM! POIS “ELE” JÁ VENCEU POR NÓS........!!!!

Isto não significa terem eles já chegado à meta. Sua vocação celeste (3,1) ainda não se realizou plenamente. Sua existência continua decorrendo no mundo terrestre, onde eles não têm morada permanente, e tendem à posse da morada do futuro (13,14). Esperam pela segunda aparição do seu Salvador (9,28). Percebem a proximidade do Dia (10,25.37), mas ainda não fruem a plena caridade de sua luz.

Seu relacionamento com Yahu, por YahuShúa, é real e íntimo, mas só lhes é concedido na fé. É só pela fé que, desde agora, entram no repouso propiciado por Yahu (4,3). Caso deixem que a incredulidade lhes penetre o coração, ei-los separados do Ungido (3,14) e de Yahu (3,12; 10,38), destinados à perdição (10,39). No seu modo de falar da fé, o autor conjuga dois pontos de vista assaz diferentes. Um, mais intelectual, que precisa o conteúdo da fé (11,1b.3.6); o outro, mais existencial, que mostra o dinamismo da fé, relacionando-a com a esperança (11,1a.8-10; etc.). Desta maneira, ostentam-se, lado a lado, a mentalidade grega e judaica.

Aliás, isto mesmo se pode observar em outras explanações. Assim, por exemplo, o culto antigo acha-se definido sob duplo aspecto: nele o autor mostra simultaneamente o reflexo da imutável realidade celeste (8,5; 9,24) e a prefiguração de um acontecimento “por vir”, o sacrifício do Messias, cujo alcance é escatológico (9,7-12). Com isso, a tipologia da epístola adquire fértil complexidade. Digno de reparo é também a habilidade do autor em aliar à preocupação constante de atingir os valores eternos uma vigorosa insistência na eficácia decisiva de um fato histórico, acontecido “uma só vez” (9,26.28). “uma vez para sempre” (7,27; 9,12; 10,10). Esta associação paradoxal de duas perspectivas que se poderiam julgar inconciliáveis manifesta incontestavelmente a penetração de seu (rûah) espírito, bem como e sobretudo a profundeza de sua fé.

Deixando de parte a contraposição paulina entre a fé e as obras, que em parte alguma aparece em Hebreus, o autor timbra de preferência em mostrar que a fé é rica em obras e que tudo quanto se realizou de válido no Antigo Testamento teve por base a fé. Por outro lado, ele acentua que, no estado de provação em que nos encontramos, nossa fé deve munir-se de persistência (6,12; 10,36; 12,1-13). Se o Messias tomou sobre si o sofrimento e a morte humanos e fez deles o caminho de sua glória (2,9) e de nossa salvação (5,8-9), não foi para dispensar-nos de os enfrentar, mas para nos dar possibilidade de enfrenta-los cheios de esperança (12,2-3).

Embora insista muito na perfeita eficácia de um só sacrifício, o do Messias, o autor não hesita em apresentar a vida messiânica como uma oferenda de “sacrifícios” (no plural: 13,16). Ele convida os fiéis a elevarem a Yahu, por Yahushúa o UNGIDO, um contínuo “sacrifício de louvor” (13,15) e, de outra parte, afirma o valor sacrifical de uma vida de serviço fraterno e caridade (13,16). A exemplo do sacrifício do UNGIDO, e em união com ele, o messiânico não põe o culto à margem da vida, mas une-se com Yahu por meio da própria existência real. Isto não significa de modo algum uma imersão descomedida na cidade terrestre (cf. 13,12-14), nem a dissolução de toda comunidade messiânica. Pelo contrário, o autor lembra a necessidade da coesão entre messiânicos: solicitude de uns pelos outros (3,12; 4,1.11; 10,24; 12,15), assiduidade às assembléias messiânicas (10,25), obediência aos dirigentes (13,17). E, mais de uma vez, dá a entender toda a importância que atribui à pregação (2,1.3; 4,2; 5,11; 13,7) e à liturgia messiânica (6,4; 10,19-22.29; 13,10). De fato, seria grande ilusão pretender chegar a Yahu sem estar unido com o Messias e seus irmãos. Como se vê, Hebreus fornece uma imagem da vida messiânica muito nítida e notavelmente equilibrada.





Dialética dos dois Testamentos. Merece particular atenção um último aspecto do ensinamento de Hebreus.Talvez esta epístola mostre melhor do que qualquer outro escrito do Novo Testamento como se cumpriram em O UNGIDO as ESCRITURAS antigas, e evidencie o conjunto de correlações que definem esta realização messiânica. Trata-se de um conjunto complexo e até paradoxal, pois une afirmação com negação para chegar a uma superação inesperada. O exemplo mais significativo é o do sacrifício do Messias: em certo sentido, a morte do Messias na cruz é a negação mesma do culto antigo; parece não ter relação alguma com ele; em muitos pontos opõe-se-lhe. E, todavia, um olhar atento vislumbra uma profunda continuidade: tanto de uma parte como da outra, é oferecida a Yahu uma oblação que vai até a efusão do sangue e tem em mira conseguir o perdão dos pecados. Mas que superioridade no caso do Messias! A imolação ritual dos animais, sucede um dom pessoal levado ao extremo, numa obediência perfeita a Yahu e numa solidariedade total com os homens. Destarte, o objetivo colimado pelo culto antigo é agora atingido de uma vez por todas e, da mesma feita, todos os ritos anteriores ficam abolidos.

Este exemplo está longe de ser o único. De um extremo a outro de sua obra, o autor confronta as promessas com suas realizações, às antigas prefigurações com seu cumprimento e sempre faz ressaltar as diversas correspondências que caracterizam do plano de Yahu. É dotado de um sentido agudo da continuidade deste plano, que constitui a unidade de ambos os Testamentos, mas nem por isso mostra-se menos cônscio da novidade e do caráter definitivo da revelação trazida por O UNGIDO.





Conclusão. Embora o abalançar-se à leitura da Epístola aos Hebreus exija certo esforço, este não tarda a ser amplamente recompensado. Neste escrito do Novo Testamento percebe-se um desejo tão intenso de entrar em comunhão com Yahu, descobre-se uma doutrina tão profunda da mediação do Messias e uma compreensão tão real das dificuldades da vida messiânica, que não há mais como cansar-se de reler suas páginas substanciosas. Nos nossos tempos, sua contribuição é sem dúvida mais preciosa do que nunca. De fato, a Epístola aos Hebreus dirige-se a messiânicos desorientados e ameaçados de desânimo. Ela aponta para o verdadeiro remédio desse tipo de mal: não vagas exortações moralizantes, mas, pelo contrário, um sério esforço de aprofundamento na fé em o Messias.

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